A nossa revista virtual trata de vários assuntos, promovendo uma viagem no tempo para quem a lê. Os temas abordados com a finalidade de entendermos melhor a história da vida moderna foram selecionados a partir do período entre as guerras mundias até a descolonização da África e da Ásia. Podemos, desse modo, saber mais sobre o desenvolvimento da história em vários continentes.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Crise de 1929

Antecedentes: Os “anos felizes”

A Europa foi, com certeza, a região mais atingida pela Primeira Guerra Mundial. Já os Estados Unidos saíram do conflito prestigiados e enriquecidos. Prestigiados porque sua participação foi decisiva para o resultado da guerra. Enriquecidos porque forneceram principalmente alimentos, roupas, medicamentos e empréstimos a várias nações européias.
Os capitais acumulados durante a guerra e as leis que aumentavam os impostos sobre os produtos estrangeiros favoreceram o crescimento norte-americano. Na década de 1920, a produção industrial norte-americana aumentou 64%. Os Estados Unidos eram, de longe a maior economia do mundo. O comércio exterior também acompanhou esse crescimento. Para boa parte dos norte-americanos, aqueles tempos foram de prosperidade e otimismo.
O crescimento industrial norte-americano foi favorecido pela introdução da técnica de linha de montagem, pelo investimento em pesquisa científica e pelo uso generalizado de novas fontes de energia. Tudo isso possibilitou a produção e o consumo em massa.
A confiança nessa prosperidade levava os norte-americanos a consumir cada vez mais. O ideal das famílias era possuir o último modelo de carro, geladeira, fogão, rádio, aspirador de pó, gramofone, além de todos os outros aparelhos domésticos que fossem sendo produzidos. Essa era a essência do estilo de vida americano (American way of life). Defendia-se a idéia de que consumir era um ato de patriotismo: ajudava os Estados Unidos a continuar crescendo.
“There’s no way like the American way” ( Não há maneira como a maneira Americana) – Propaganda do modo de vida americano (“American way of life”)

A indústria cinematográfica, que também surgiu naquela época, ajudou a difundir o estilo de vida norte-americano em todo o mundo, inclusive no Brasil. Foi nos 1920 que Hollywood, na Califórnia, ganhou a fama de capital mundial do cinema, e milhares de salas de projeção foram abertas em várias partes do mundo.
Igualmente importante, na época, foi o crescimento da indústria radiofônica e a criação de centenas de estações de rádio nos Estados Unidos. O rádio chegava aos lares e, pela primeira vez, pessoas partilhavam as mesmas alegrias e tristezas e debatiam os mesmos acontecimentos.
A prosperidade dos anos 1920 nos Estados Unidos foi acompanhada de uma febre de investimentos na Bolsa de Valores. Dizia-se que a melhor forma de ganhar dinheiro era comprando ações e vendendo depois de algumas semanas.Durante algum tempo os investidores viram seu dinheiro crescer a olhos vistos. Onde quer que as pessoas estivessem buscavam acompanhar as cotações na Bolsa de Valores.


Empire State Building – Os arranha-céus nas cidades norte-americanas eram resultado da prosperidade.

A quebra da bolsa em 1929

Com o aumento da procura das ações, elas foram subindo de preço. Quem aplicou 100 dólares em março de 1928 em ações da General Electric,em setembro do ano seguinte tinha 300 sem esforço. Porém em 1920, o preço das ações já não correspondia à situação real das empresas. Até que, em dado momento uma grande empresa faliu e os investidores, temerosos, correram para vender ações. Descobriram que possuíam milhões de ações para as quais não havia compradores. Os preços das ações começaram a despencar. Em 24 de outubro de 1929, começou a queda que teve seu auge na terça-feira, dia 29. Esses dias são conhecidos como “quinta-feira negra” e “terça-feira negra”. Isso foi o crash (quebra) da Bolsa de Valores de Nova Iorque.

Tumulto em frente ao prédio da Bolsa de Valores na “quinta-feira negra”.

Razões da Grande Depressão

1) Concentração de riquezas nas mãos de poucos: O crescimento dos salários não acompanhou o aumento dos lucros. Assim, os ricos ficavam cada vez mais ricos e o número de pobres aumentava, o que limitava a capacidade de consumo.
2) Concorrência européia: com a recuperação econômica a partir de 1925 da Primeira Guerra Mundial, os países europeus voltaram a produzir o que antes importavam dos Estados Unidos, além de voltar a concorrer com os EUA no mercado internacional.
3) Crise da agricultura: com a mecanização e a eletrificação ocorridas no campo, produzia-se muito acima da capacidade de consumo. Os preços dos produtos agrícolas mantinham-se baixos e os agricultores eram obrigados a pedir dinheiro aos bancos.

Esses três fatores, principalmente, contribuíram para que houvesse mais mercadorias do que pessoas com dinheiro para comprá-las, o que caracterizou a crise de superprodução.
Na época da Grande Depressão, desempregados faziam fila para ganhar a sopa gratuita em Chicago.

Conseqüências

Os agricultores perderam suas terras por não ter como pagar as dívidas com os bancos, os industriais diminuíam a produção e despediam trabalhadores. Com menos pessoas comprando, a crise agravou-se mais ainda. A conseqüência principal da crise foi o desemprego, e os mais duramente atingidos foram os pobres.
A crise afetou também a economia européia, que dependia dos capitais norte-americanos para se recuperar dos prejuízos da guerra. Entretanto, com a quebra da economia dos Estados Unidos, seus investimentos foram suspensos, gerando uma enorme crise na Europa. Muitas empresas faliram, a produção caiu, e o desemprego afetou milhões de pessoas.
A situação atingiu níveis críticos na Itália e na Alemanha. Apesar de estarem entre os vencedores do conflito mundial, os italianos não tiveram suas reivindicações territoriais atendidas pelas grandes potências européias – Inglaterra e França. Além disso, sua economia estava arrasada pelos gastos com a guerra. Como conseqüência, a Itália ficou dependente da ajuda dessas potências e dos Estados Unidos.
A conjuntura foi ainda mais grave para os alemães. A fim de pagar as pesadas indenizações impostas pelos vencedores e recuperar a economia nacional, o governo alemão recorria a empréstimos que o deixavam cada vez mais dependente de outros países. Com a recessão mundial no fim da década de 1920, foram suspensos os investimentos externos que alimentavam a economia do país. A inflação foi às alturas e o desemprego atingiu um terço de todos os trabalhadores.
A crise também atingiu o Brasil. Os EUA importavam mercadorias além de exportar, mas durante a época da Grande Depressão, tanto as importações como as exportações caíram 70%. Com isso, o Brasil que na época era um grande exportador de café (mais de 60% das exportações) e tinha nos Estados Unidos seu maior comprador, foi duramente atingido pela crise. Os estoques de café aumentaram e os preços caíram violentamente. Muitos cafeicultores foram arruinados e o desemprego aumentou muito.
Paralelamente à crise no mundo capitalista, a economia da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas continuava a se expandir. Na década de 1930, o governo intensificou a coletivização das terras, investiu na melhoria da produção agrícola e na expansão da industrialização.

O New Deal

Em 1932, o líder do Partido Democrata, Franklin Delano Roosevelt foi eleito presidente da República, e iria governar o país por 12 anos. O novo presidente admirou a idéia do economista britânico John Maynard Keynes, que previra a crise e propunha soluções para enfrentá-la.
Keynes defendia a continuação do capitalismo, mas com uma diferença: o Estado deveria intervir na economia, fazendo investimentos e planejando-a de modo garantir empregos. Assim, Roosevelt lançou seu plano econômico, o New Deal (“Novo Acordo”), uma forma de gerenciar a economia. Entre as principais medidas estavam:
· A realização de obras públicas: o governo destinava dinheiro à construção de usinas hidrelétricas, barragens, pontes, hospitais, escolas, aeroportos...Gerando novos empregos.
· A concessão de empréstimos aos agricultores, com o compromisso da diminuição da produção. Também, algodão, trigo e milho eram destruídos para conter a queda dos preços desses produtos.
· Controle sobre os preços e a produção, tento de produtos industriais quanto de gêneros agrícolas.
· Diminuição da jornada de trabalho, fixação do salário mínimo, criação do seguro desemprego e do seguro-velhice (para os maiores de 65 anos).
Desse modo, o desemprego diminuiu, a indústria e a agricultura recuperaram-se parcialmente, os salários pararam de cair e a partir de 1934 a renda nacional voltou a crescer.

O novo presidente, Franklin Delano Roosevelt, institui o New Deal.

Um comentário:

Anônimo disse...

Por favor poderiam me ajudar? Já ouviram falar sobre o filme "O presidente Roosevelt"