A nossa revista virtual trata de vários assuntos, promovendo uma viagem no tempo para quem a lê. Os temas abordados com a finalidade de entendermos melhor a história da vida moderna foram selecionados a partir do período entre as guerras mundias até a descolonização da África e da Ásia. Podemos, desse modo, saber mais sobre o desenvolvimento da história em vários continentes.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Guerra Civil Espanhola

Enquanto a Europa ocidental possuía instituições políticas modernas, a Espanha ainda era governada pelo exército, igreja católica e o latifúndio. Mantinha um número excessivo de generais e oficiais, em relação às suas reais necessidades. A Igreja, condenava a modernidade. E a população que vivia nos campos, era na maioria camponeses pobres submetidos às práticas feudais e dominados pelos hidalgos. Com a crise econômica, iniciada pela quebra da bolsa de valores de Nova York no ano anterior, a ditadura do General Primo de Rivera foi derrubada, e em seguida a monarquia. Em 1931, a República foi proclamada. A esperança do povo espanhol era de que depois da proclamação da República, a Espanha se modernizasse. Separando então o Estado da Igreja, introduzindo novas mudanças sociais, garantindo o pluralismo político e partidário, além da liberdade de expressão. Porém o país acabou conhecendo um violento confronto entre as classes, uma vez que a crise seguida por uma profunda depressão econômica, provocou a frustração generalizada na sociedade espanhola.
A Guerra Civil Espanhola ocorreu de 1936 até 1939. De um lado se posicionaram as forças do nacionalismo e do fascismo, aliadas às classes e instituições tradicionais da Espanha (O Exército, a Igreja e o Latifúndio) e do outro a Frente Popular que formava o Governo Republicano, representando os sindicatos, os partidos de esquerda e os partidários da democracia.
Para a Direita, esta guerra representava uma tentativa para livrar o país da influência comunista e restabelecer os valores da Espanha tradicional, autoritária e católica. Porém, para esse objetivo ser concluído era preciso acabar com a República, a qual havia sido proclamada em 1931.
Já o objetivo das Esquerdas era acabar com o avanço fascista, o qual já havia conquistado a Itália (em 1922), a Alemanha (em 1933) e a Áustria (em 1934). Conforme as decisões da Internacional Comunista, elas deveriam aproximar-se dos partidos democráticos de classe média e formarem uma Frente Popular para enfrentar a maré de vitórias nazi-fascistas. Desta formas Socialistas, Comunistas (estalinistas e troskistas) Anarquistas e Democratas liberais deveriam unir-se para chegar e inverter a tendência mundial favorável aos regimes direitistas.
O clima de turbulência interna motivada pela intensificação da luta de classes, especialmente entre anarquistas e falangistas provocou inúmeros assassinatos políticos, o que contribuiu para criação de uma situação de instabilidade a qual afetou o prestígio da Frente Popular.
A direita espanhola estava entusiasmada com o sucesso de Hitler, que se somou ao golpe direitista de Dolfuss na Áustria, em 1934. Derrotados nas eleições os direitistas passaram a conspirar com os militares e a contar com o apoio dos regimes fascistas (Portugal, com Oliveira Salazar, Alemanha com Hitler e a Itália de Mussolini). Esperavam que um levante dos quartéis, seguido de um pronunciamento dos generais, derrubariam facilmente a República.
No dia 18 de julho de 1936, o Gen. Francisco Franco insurge o Exército contra o governo republicano. Ocorre que nas principais cidades, como a capital Madri e Barcelona, a capital da Catalunha, o povo saiu as ruas e impediu o sucesso do golpe. Milícias anarquistas e socialistas foram então formadas para resistir o golpe militar. O país em pouco tempo ficou dividido numa área nacionalista, dominado pelas forças do Gen. Franco e numa área republicana, controlada pelos esquerdistas. Nas áreas republicanas ocorreu então uma radical revolução social. As terras foram coletivizadas, as fábricas dominadas pelos sindicatos, assim como os meios de comunicação. Em algumas localidades, os anarquistas chegaram até a abolir o dinheiro.
Em ambas as zonas, matanças eram efetuadas através de fuzilamentos sumários. As principais vítimas das milícias anarquistas eram os padres, militares e proprietários. Enquanto que dos sindicalistas, professores e esquerdistas em geral, eram abatidos pelos militares nacionalistas.
Como o golpe não teve o sucesso esperado, o conflito tornou-se uma guerra civil. O lado nacionalista de Franco conseguiu imediato apoio dos nazistas e dos fascistas italianos enquanto que Stalin enviou material bélico e assessores militares para o lado republicano.
A França e a Inglaterra declararam-se não intervencionistas, porém não foi possível evitar o engajamento de milhares de voluntários esquerdistas e comunistas que vieram de todas as partes para formar as Brigadas Internacionais para lutar pela defesa da República.
Stalin temia que a revolução social desencadeada pelos anarquistas e trotsquistas pusesse em perigo a defesa da República. Ordenou então que o PC espanhol comandasse a supressão das milícias e um expurgo no POUM (uma pequena organização pró-trotsquista).
A superioridade militar do General Franco, a unidade que conseguiu impor sobre as direitas, foi fator decisivo na sua vitória sobre a República. Em 1938 suas forças dividem a Espanha em duas partes, isolando a Catalunha do resto do país. Em janeiro de 1939, as tropas do General Franco entram em Barcelona e, no dia 28 de março, Madri se rende aos militares depois de ter resistido a poderosos ataques.
Milhares de pessoas morreram na guerra. Prédios foram destruídos parcial ou inteiramente e perdeu-se quase metade do gado espanhol. A renda percapita reduziu-se em 30% e fez com que a Espanha afundasse numa estagnação econômica que se prolongou por quase trinta anos.

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