A nossa revista virtual trata de vários assuntos, promovendo uma viagem no tempo para quem a lê. Os temas abordados com a finalidade de entendermos melhor a história da vida moderna foram selecionados a partir do período entre as guerras mundias até a descolonização da África e da Ásia. Podemos, desse modo, saber mais sobre o desenvolvimento da história em vários continentes.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Guerra Fria

A guerra fria ocorreu durante o final a segunda guerra mundial (1945) até a extinção da União Soviética (1991). Foi um conflito político-ideológico entre os Estados Unidos, defensor do capitalismo, e a União Soviética, defensora do socialismo. A guerra ficou assim conhecida, pois não houve nenhum combate físico, era uma guerra política, ideológica e econômica.

As duas potências mundiais

· Estados Unidos

Como o território norte-americano não foi diretamente atingido pela segunda guerra mundial, não houve uma crise econômica tão profunda como a dos países europeus. E quando os Estados Unidos lançaram as bombas sobre Hiroshima e Nagasaki, mostraram ao mundo, em especial à União Soviética, o seu poderio bélico e que para salvaguardar seus interesses eram capazes de utilizar qualquer meio. Além disso, durante a segunda guerra, os norte-americanos aumentaram a produção de armas, navios e aviões os quais eram vendidos para os Aliados, o que deu um grande estimulo para a indústria.
No final da guerra, a produção agrícola e industrial dos estados Unidos havia retomado o crescimento. Essa recuperação econômica foi acompanhada pelo aumento da importância política do país no contexto mundial.
Em 1944, representantes dos Estados Unidos, Inglaterra, União Soviética e China elaboraram um plano para a criação da Organização das Nações Unidas (ONU). Fundada em 1945, a ONU tinha como objetivos garantir a paz mundial, proteger os direitos humanos, promover a igualdade de direitos para todos os povos e a melhoria dos padrões de vida no mundo. A sua sede permanente foi estabelecida em Nova York, o que demonstrava a liderança política dos Estados Unidos.
Com a morte do presidente Roosevelt, quem assume o poder é Harry Truman. O novo presidente solicitou e obteve do Congresso autorização para conceder apoio militar aos países sob ameaça de guerras. Assim, controlava a expansão de regimes comunistas no Leste europeu, apoiada pela União Soviética. Além disso, os Estados Unidos prestaram ajuda para as nações européias que haviam sido destruídas pela guerra.
George Marshall, secretário de Estado dos Estados Unidos, propôs a criação de um plano econômico, o qual ficou conhecido como Plano Marshall. Tratava-se da concessão de uma série de empréstimos a baixos juros e investimentos públicos para facilitar o fim da crise na Europa Ocidental e afugentar a ameaça do socialismo entre a população insatisfeita.Essa ajuda contribuiu principalmente para a recuperação da Inglaterra, da França, da Itália e da Alemanha. Mas o Plano Marshall não somente ajudou os países europeus, como também cooperou com as indústrias norte-americanas, as quais utilizavam os empréstimos recebidos para comprar máquinas e equipamentos.
Em 1949, os norte-americanos lideraram a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança entre os Estados Unidos e os países da Europa Ocidental. O principal objetivo era garantir o apoio militar mútuo, ou seja, uma agressão a qualquer um desses países causaria uma ação militar conjunta. Mais tarde, entre 1954 e 1955 diversos tratados foram assinados entre os membros da Otan, reforçando a aliança militar entre os países capitalistas e a liderança americana.

· União Soviética
Nas décadas de 1930 e 1940 a população soviética vivenciou profundas mudanças econômicas e políticas.Sob o comando de Stalin, o governo comunista investiu em grandes projetos visando montar uma infra-estrutura para o desenvolvimento industrial. Foram criadas usinas hidrelétricas e estradas de ferro.O Estado também investiu em empresas de metalurgia, instalações de empresas nas áreas de química, eletrotécnica, aeronáutica e armamento.
Para o desenvolvimento industrial ser acelerado, o governo então incentivou a ida dos camponeses para as cidades industriais, onde estes passavam a trabalhar como operários. Entretanto, o êxodo rural acarretou em um crescimento exacerbado nas cidades, onde já não havia moradias e alimentos suficientes.
O governo também incentivava a produção agrícola, principalmente de cereais. As propriedades rurais eram divididas em dois grupos: as cooperativas e as fazendas estatais. Em ambas o controle de produção e trabalho era realizado por funcionários do governo. Porém, os membros das cooperativas podiam trabalhar no que quisessem no seu tempo livre.
Assim como na política industrial, eram estabelecidos planos que indicavam as metas a serem cumpridas no setor agrícola.Entre elas destacava-se a coletivização das propriedades rurais. Os trabalhadores, tanto rurais como urbanos, eram obrigados a cumprir longas jornadas de trabalho. Em troca, recebiam proteção do Estado, lhes eram garantidas férias, assistência e creches para seus filhos, além de moradia, roupas e alimentos. Porém às vezes os direitos trabalhistas não eram respeitados e as condições de vida eram precárias.
Já os altos funcionários do governo viviam uma realidade muito diferente. Possuíam vários privilégios: compravam em lojas especiais, com uma maior variedade de produtos e usufruíam das melhores moradias.
Todas as mudanças econômicas e sociais eram acompanhadas de uma nova estrutura política. Todo o poder estava concentrado nas mãos de Joseph Stalin. Para a garantia da centralização política, o governo contava com uma forte estrutura burocrática, ligada ao Partido Comunista. Stalin, para neutralizar os grupos de oposição, estabeleceu expurgos, com prisão e execução de seus adversários.
Os sindicatos passaram a ser controlados pelo Estado e as greves foram proibidas. A participação política dos operários restringia-se à escolha dos representantes locais.
Após a morte de Stalin, o poder político da União Soviética passou a ser de Nikita Kruchev. Mudanças no antigo regime foram realizadas pelo novo governante, tais como a libertação e anistia de presos políticos, o fim dos campos de prisioneiros e buscando uma descentralização. Kruchev continuou com o desenvolvimento industrial tornando a União Soviética a segunda potência mundial.
Embora, não houvesse mais perseguições o novo regime soviético não deixou de ser uma ditadura, já que o Partido Comunista continuou sendo o único legalizado e o controle sobre os trabalhadores continuava nas mãos dos generais e da policia secreta.

Expansão do comunismo

Os soldados soviéticos tiveram grande participação na vitória dos países Aliados contra os membros do Eixo. O Exército vermelho, como era denominado o exército soviético, expulsou os soldados alemães de seu território e libertou várias regiões da Europa oriental do domínio nazista.
Os governos que se seguiram, ainda contavam com a participação de comunistas. Por meio de eleições ou de movimentos revolucionários apoiados pelos soviéticos, os comunistas assumiram o poder na maioria dos países da Europa oriental.
Em 1947, lideraram a criação do Comitê de Informação dos Partidos Comunistas Operários (Cominform), que tinha o objetivo de unificar a ação comunista no Leste europeu de acordo com as orientações de Moscou. Em 1949, foi criado o Conselho de Assistência Econômica Mútua (Comecon), cujo propósito era ajudar a reconstruir a economia da Europa oriental, tendo como base a proposta de planificação estatal.
Contrários a aplicação do Plano Marshall na Alemanha, os soviéticos bloquearam as saídas da cidade de Berlim, ocupada pelas potências vencedoras da guerra. A Alemanha, durante vários meses, teve que ser abastecida por via aérea, e as relações entre ocidentais e soviéticos estiveram a ponto de rupturas. Esse confronto contribuiu para a formação de dois diferentes Estados no território alemão. De um lado a República Federal da Alemanha (RFA), também conhecida como Alemanha Ocidental, organizada nas regiões ocupadas pelos norte-americanos, ingleses e franceses. E do outro lado República Democrática Alemã (RDA), também conhecida como Alemanha Oriental, controlada pelos comunistas.
Em 1955, sob a liderança da União Soviética , os representantes dos governos comunistas da Europa Oriental, reuniram-se na capital da Polônia, onde assinaram o Pacto de Varsóvia. Este tratado estabelecia um comando militar unificado e a presença de tropas soviéticas nos territórios de todos os países membros.
Esse regime então passou a ser implantado em países de outros continentes. Em 1949, os comunistas tomaram o poder da China por meio de uma revolução. Em 1959, uma outra revolução desta vez em Cuba, levou ao poder um governo chefiado por Fidel Castro. Ele e sua equipe determinaram a realização de uma reforma agrária, com a tomada das propriedades dos grandes fazendeiros e sua transformação em cooperativas agrícolas. Em 1961, Cuba declarou-se socialista e se aproximou dos governantes da URSS, com a qual passou a estabelecer acordos comerciais e intercâmbios científicos e militares. O apoio econômico soviético permitiu ao país investir na melhoria das condições de saúde e educação da sua população. Os cubanos adotaram o mesmo modelo político soviético, apenas o partido comunista era aceito, os outros eram perseguidos.

Da Guerra fria até a coexistência pacífica

Os Estados Unidos e a União Soviética disputaram posições estratégicas em todos os pontos do mundo. Um dos primeiros alvos de disputa foi à Grécia, país capitalista, cujo território faz fronteira à área de influência soviética. Desde a Segunda Guerra Mundial, desenvolviam-se movimentos de guerrilhas liderados pelos comunistas. Temendo uma vitória dos revolucionários, os Estados Unidos enviou recursos em dinheiro e armas para ajudar os governantes gregos a derrotá-los.
Com a vitória da revolução comunista na China, em 1949, as atenções das duas superpotências voltaram-se para a Ásia. Os norte-americanos procuraram barrar o avanço comunista no Extremo oriente, em especial na Coréia, que durante a Segunda Guerra Mundial estava sobre o domínio japonês. Com a rendição do Japão, em 1945, a Coréia foi divida em duas zonas, uma governada pelos soviéticos no norte, e no sul pelos norte-americanos. Mais tarde, dois Estados surgiram nestas zonas: a Coréia do Norte, que seguia o modelo soviético, e a Coréia do Sul a qual estava ligada ao bloco capitalista.
Em 1950, as tropas da Coréia do Norte invadiram a Coréia do Sul, buscando unificar seus governos em torno do modelo soviético. Os Estados Unidos enviaram tropas em defesa a Coréia do Sul, já os soviéticos e chineses apoiaram a Coréia do Norte. O conflito que durou três anos, não teve vencedores. Um acordo manteve os dois países divididos em regimes políticos diferentes.
As duas superpotências interferiam em conflitos em todas as partes do mundo e procuravam conquistar aliados para os blocos liderados por elas por meio de empréstimos e investimentos. Os Estados Unidos investiram bastante em Berlim Ocidental. O objetivo era exibir a riqueza do mundo capitalista em comparação com a pobreza de Berlim oriental, que estava arrasada pela guerra. Com este atrativo, milhares de pessoas migraram para o lado capitalista. Em 1961, o governo comunista construiu um muro que separava as duas partes da cidade e determinou o controle militar para impedir a fuga dos habitantes da parte oriental para a ocidental.
No ano que se seguiu, a URSS patrocinou a instalação de mísseis em Cuba, capazes de atingir o território da superpotência rival. O presidente dos estados Unidos, John Kennedy, exigiu a retirada dos mísseis. A Marinha dos Estados Unidos bloqueou a ilha e se preparou para enfrentar os navios soviéticos que se dirigiam a Cuba. Depois de negociações, chegou-se ao acordo de que os soviéticos retirariam os mísseis e os norte-americanos não invadiriam Cuba.
Assim, as relações entre as superpotências estabeleciam um ponto de equilíbrio, porém ambas investiam no desenvolvimento de armas atômicas. Ao mesmo tempo, ocorria à corrida a espacial. No ínicio, os soviéticos estiveram à frente dos norte-americanos. Em 1957 lançaram o primeiro satélite artificial, o Sputnik 1, e em 1959 conseguiram fotografar a face da Lua.Em 1961 lançaram ao espaço a primeira nave tripulada por um ser humano.
Os norte-americanos não demoraram a lançar seu primeiro satélite artificial, em 1958 o Explorer I, e em 1962 o astronauta John Glenn foi enviado ao espaço. Em 1969, Neil Armstrong e Edwin Aldrin foram os primeiros seres humanos a pisaram na Lua.
Várias manifestações de autonomia por parte de integrantes dos blocos socialista e capitalista, ocorreram durante a Guerra Fria. Em 1948, o governo da Iugoslávia rompeu com o a orientação soviética. Em 1950, a China seguiu um caminho diferente do soviético, priorizando a agricultura e não a indústria. Em 1960, alguns países aliados aos Estados Unidos adotaram posições de independência. Essas alterações no cenário mundial levaram os dois países a manter entre si uma política de coexistência pacífica. Em 1963, esses dois países juntamente com a Inglaterra assinaram o Tratado de Banimento de Testes Nucleares. No final da década de 1960, as duas potências iniciaram entendimentos para a limitação de armas nucleares. Esses foram os primeiros passos para superar a Guerra Fria.

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